Colecção: Biblioteca Universal
Formato: 14 x 21 cm
N.º de páginas: 112
ISBN: 978-989-95884-3-1
PVP: 12,00€ (IVA inc.)
Como podemos avaliar um quadro, e com que instrumentos de análise crítica? E que dizer da emoção que experimentamos diante de uma obra de arte?
Se o belo e a arte são temas filosóficos de sempre, a estética, como disciplina independente, só aparece no século XVIII, quando as noções de arte, de sensível e de belo se fundiram entre si.
De Platão a Michel Henry, passando por Kant e Adorno, esta disciplina parece de difícil definição; será crítica do gosto, teoria do belo, ciência do sentir, filosofia da arte?
A Estética, história e teorias, uma obra indispensável para todos os que querem conhecer o essencial sobre estética, oferece uma síntese panorâmica da história e das teorias deste ramo do saber filosófico.
Carole Talo-Hugon é professora de filosofia na Universidade de Nice – Sophia Antipolis, e directora do Centre de Recherches en Histoire dés Idées.
Os seus campos de pesquisa são a estética, por um lado, e a questão da afectividade, por outro, nomeadamente as teorias das paixões da época clássica.
Além dos numerosos artigos nestes dois domínios, publicou recentemente Descartes ou les passions rêvées par la raison (Vrin, 2002), bem como Les Passions (Armand Colin, 2004) e, sobre estética, além do presente volume, Avignon 2005 : le conflit des héritages (Actes Sud, 2006). Estas duas direcções de pesquisa cruzam-se nos seus trabalhos actuais; assim, publicou sobre este tema Goût et dégoût. L’art peut-il tout montrer ? (J. Chambon, 2003) e acaba de terminar Morale de l'art, a publicar pelas Presses Universitaires de France.
Fica aqui um excerto:
« Enquanto o século XVIII tratava tanto do belo natural como do belo artístico (Burke, Du Bos ou Kant consideram até que o juízo de gosto é mais puro quando o seu sujeito é natural porque não se misturam nisso considerações sobre a intencionalidade artística), é a arte que, na época seguinte, monopoliza a atenção da reflexão estética. Hegel escreve, sintomaticamente: «O objecto da estética é o vasto reino do belo e o seu domínio, a arte.» Observando imediatamente que, como a palavra «estética» não convém, dada a sua etimologia e a recente definição de «ciência do sentir» que dela foi dada por Baumgarten, prefere a expressão «filosofia da arte». Esta posição hegeliana é paradigmática de uma época em que a estética se transforma em filosofia da arte.
Esta expressão «filosofia da arte» é rica pela sua própria ambiguidade. De facto, consoante o significado que se der ao «da»: «sobre a, acerca da» ou «que pertence à», assim se obtêm duas interpretações da expressão «filosofia da arte» entre as quais hesita todo este período que se estende desde finais do século XVIII a meados do século XX.
No primeiro sentido dado a «da», a filosofia da arte é filosofia a propósito, acerca, sobre a arte, tomando a arte como objecto da sua reflexão. Foi o que fizeram Aristóteles ou Marsílio Ficino (com a reserva de que a arte da altura não tinha o sentido moderno que hoje lhe damos), e também o que faz Hume no seu ensaio Sobre a tragédia ou Kant nos §§ 43 a 54 da Crítica da Faculdade do Juízo. É o que farão igualmente Hegel e Schopenhauer, mas de maneira absolutamente inédita que convirá analisar com rigor. Aqui, a arte é objecto de estudo para a filosofia.
Mas a expressão «filosofia da arte» também pode significar que um pensamento brote da arte, que possui a sua própria filosofia. Não se trata da teorização de uma prática (como acontece no Tratado da Pintura de Leonardo da Vinci) nem de um discurso explicando e justificando uma obra ou um movimento (textos de Zola sobre o romance experimental, manifestos do surrealismo ou do futurismo) nem de um discurso de artista com reflexões gerais sobre a arte (textos de Duchamp reunidos sob o título Duchamp du signe). Trata-se de um discurso filosófico que estaria contido na própria arte.
Aqui, neste período da estética concebida como filosofia da arte, distinguir-se-ão três configurações das relações da arte e da filosofia: as duas primeiras correspondem aos dois sentidos da expressão «filosofia da arte» que acabámos de distinguir; a terceira caracteriza-se pela afirmação de uma identidade fundamental da arte e da filosofia. » (págs. 51-52)
Se o belo e a arte são temas filosóficos de sempre, a estética, como disciplina independente, só aparece no século XVIII, quando as noções de arte, de sensível e de belo se fundiram entre si.
De Platão a Michel Henry, passando por Kant e Adorno, esta disciplina parece de difícil definição; será crítica do gosto, teoria do belo, ciência do sentir, filosofia da arte?
A Estética, história e teorias, uma obra indispensável para todos os que querem conhecer o essencial sobre estética, oferece uma síntese panorâmica da história e das teorias deste ramo do saber filosófico.
Carole Talo-Hugon é professora de filosofia na Universidade de Nice – Sophia Antipolis, e directora do Centre de Recherches en Histoire dés Idées.
Os seus campos de pesquisa são a estética, por um lado, e a questão da afectividade, por outro, nomeadamente as teorias das paixões da época clássica.
Além dos numerosos artigos nestes dois domínios, publicou recentemente Descartes ou les passions rêvées par la raison (Vrin, 2002), bem como Les Passions (Armand Colin, 2004) e, sobre estética, além do presente volume, Avignon 2005 : le conflit des héritages (Actes Sud, 2006). Estas duas direcções de pesquisa cruzam-se nos seus trabalhos actuais; assim, publicou sobre este tema Goût et dégoût. L’art peut-il tout montrer ? (J. Chambon, 2003) e acaba de terminar Morale de l'art, a publicar pelas Presses Universitaires de France.
Fica aqui um excerto:
« Enquanto o século XVIII tratava tanto do belo natural como do belo artístico (Burke, Du Bos ou Kant consideram até que o juízo de gosto é mais puro quando o seu sujeito é natural porque não se misturam nisso considerações sobre a intencionalidade artística), é a arte que, na época seguinte, monopoliza a atenção da reflexão estética. Hegel escreve, sintomaticamente: «O objecto da estética é o vasto reino do belo e o seu domínio, a arte.» Observando imediatamente que, como a palavra «estética» não convém, dada a sua etimologia e a recente definição de «ciência do sentir» que dela foi dada por Baumgarten, prefere a expressão «filosofia da arte». Esta posição hegeliana é paradigmática de uma época em que a estética se transforma em filosofia da arte.
Esta expressão «filosofia da arte» é rica pela sua própria ambiguidade. De facto, consoante o significado que se der ao «da»: «sobre a, acerca da» ou «que pertence à», assim se obtêm duas interpretações da expressão «filosofia da arte» entre as quais hesita todo este período que se estende desde finais do século XVIII a meados do século XX.
No primeiro sentido dado a «da», a filosofia da arte é filosofia a propósito, acerca, sobre a arte, tomando a arte como objecto da sua reflexão. Foi o que fizeram Aristóteles ou Marsílio Ficino (com a reserva de que a arte da altura não tinha o sentido moderno que hoje lhe damos), e também o que faz Hume no seu ensaio Sobre a tragédia ou Kant nos §§ 43 a 54 da Crítica da Faculdade do Juízo. É o que farão igualmente Hegel e Schopenhauer, mas de maneira absolutamente inédita que convirá analisar com rigor. Aqui, a arte é objecto de estudo para a filosofia.
Mas a expressão «filosofia da arte» também pode significar que um pensamento brote da arte, que possui a sua própria filosofia. Não se trata da teorização de uma prática (como acontece no Tratado da Pintura de Leonardo da Vinci) nem de um discurso explicando e justificando uma obra ou um movimento (textos de Zola sobre o romance experimental, manifestos do surrealismo ou do futurismo) nem de um discurso de artista com reflexões gerais sobre a arte (textos de Duchamp reunidos sob o título Duchamp du signe). Trata-se de um discurso filosófico que estaria contido na própria arte.
Aqui, neste período da estética concebida como filosofia da arte, distinguir-se-ão três configurações das relações da arte e da filosofia: as duas primeiras correspondem aos dois sentidos da expressão «filosofia da arte» que acabámos de distinguir; a terceira caracteriza-se pela afirmação de uma identidade fundamental da arte e da filosofia. » (págs. 51-52)